Terminou hoje a sondagem que foi colocada neste blog para conhecer as opiniões dos leitores sobre a escovagem dos dentes no Jardim-de-Infância.
A razão porque esta questão foi colocada teve a ver com o facto das Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE) referirem que a Educação para a Saúde (EpS) e a Higiene fazem parte do dia-a-dia do Jardim-de-Infância.
Por seu lado, o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral especifica que a escovagem dos dentes deve ser efectuada duas vezes ao dia, sendo uma delas, obrigatoriamente, antes de deitar, ficando assim a higiene oral das crianças a cargo e responsabilidade das famílias. Porém, o programa visa ir ao encontro da meta definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja, em 2020, 80% das crianças devem estar livres de cárie. Ora, se as crianças só efectuarem duas escovagens por dia (e aqui estamos a ser bastante benevolentes) será difícil alcançar essa meta caso não sejam realizadas outro tipo de intervenções que ultrapassam a simples mas fundamental escovagem dos dentes. Mais uma vez a remediação em vez da prevenção...
Voltando à Educação de Infância e numa perspectiva da promoção da saúde oral em articulação com a intervenção familiar, será desejável que a EpS e a higiene oral estejam integradas no projecto curricular de sala. O Jardim-de-Infância pode (mas não é obrigado) com a colaboração da família e dos técnicos de saúde tornar a escovagem diária dos dentes um gesto de higiene e saúde.
Porém, para que esta actividade se possa concretizar convenientemente, os jardins-de-infância devem possuir as condições físicas e humanas necessárias ao desenvolvimento de tal actividade. Os resultados da sondagem que, hoje aqui apresentamos vem mostrar que a escovagem dos dentes não é uma prática incondicionalmente aceite ao nível da Educação de Infância, tal como não o é ao nível dos outros graus de ensino. Nos dias de hoje e como resultado do tipo de padrão de vida social, as crianças almoçam 5 dias por semana fora de casa e portanto sem possibilidade de adquirirem hábitos de higiene oral (escovagem dos dentes após o almoço e lanche) com as eventuais consequências que daí possam resultar.
Voltando à sondagem que aqui foi feita, sobressai uma questão fundamental e que exigiria uma análise e estudo aprofundado: O que é que contribui para que 41% dos educadores invistam pedagogicamente nesta área, enquanto 33% afirmam não o fazer por falta de condições e 25% rejeitam apriori a actividade por si só?
Para terminar e sem o objectivo de cruzar dados apresentamos também os resultados dum estudo piloto que realizamos em 2008, onde os educadores foram questionados para saber se as actividades de EpS a desenvolver no JI deveriam ficar a cargo ou não das equipas de saúde escolar. Os dados obtidos mostram que 90% dos educadores consideram que a EpS é uma área da sua responsabilidade e que a mesma deve ser fruto da intervenção educativa, ou seja, a Promoção da Saúde e bem-estar das crianças são áreas do foro educativo.