A lenda de São Valentim para as crianças
https://historiasparapre.blogspot.com/2016/02/a-lenda-de-sao-valentim.html
Agora a lenda para os adultos.
Texto de Nuno Campos Inácio retirado de Facebook
"14 de Fevereiro era, na Mitologia Grega, o dia da festividade de Afrodite, a deusa do amor, da beleza e da sexualidade. A Mitologia Romana absorveu-a mudando o nome para Vênus. Hoje é, portanto, o dia de Afrodite/Vênus, as deusas do Amor.
No entanto, a história do «Dia dos Namorados» não começa com Afrodite. Esta baseia-se na deusa Astarte, deusa da lua, da fertilidade e da sexualidade dos antigos fenícios; e em Istar, dos sumérios, onde a mitologia nórdica fui buscar Easter, a sua deusa do amor. E naturalmente que estas mitologias se basearam em festividades tradicionais de comunidades humanas espalhadas pelo mundo.
As religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo, islamismo), perceberam que não valia a pena combater as tradições e festividades enraizadas na cultura popular. Por isso adaptaram o seu calendário religioso às festividades pagãs. No caso concreto do «Dia dos Namorados», festejado pelos pagãos a 14 de Fevereiro, dia de Afrodite, as igrejas Católica e Ortodoxa, nos séculos III/IV, passaram a dedicar esse dia a São Valentim, um Santo que, alegadamente, tinha sido decapitado no dia 14 de Fevereiro de 270, por continuar a casar os jovens enamorados, contra as ordens do Imperador Romano Cláudio II. Diz a lenda que a filha do guarda da prisão, que era cega, ter-se-ia apaixonado milagrosamente por São Valentim, recuperando a visão.
Religiosamente seria possível manter esta história e milagre, que não é muito diferente de outras histórias e milagres dos primeiros anos do cristianismo, que serão mais fruto de devaneios humanos do que de inspirações Divinas. Mas, ao contrário de outros santos desta época, São Valentim teve um azar português, chamado António de Bulhão (Santo António de Lisboa). Santo António passou a ser tido como o Santo casamenteiro por excelência pela Igreja Católica e, não se conseguindo dissociar o casamento do amor, o calendário litúrgico passou a ter dois santos padroeiros do amor, São Valentim e Santo António. A corda roeu para o lado de São Valentim que, em 1969, deixou de ser celebrado oficialmente pela Igreja Católica, que passou a questionar a sua existência.
Curiosamente, uma festa que começou por ser essencialmente pagã tornou-se, actualmente, uma festividade unicamente pagã, mas agora como corruptela do verbo pagar. O dia 14 de Fevereiro passou a ser o «Dia dos Namorados» comercial. É o dia de comprar algo para oferecer ao/à namorado/a. Na antiguidade clássica os rapazes colhiam flores silvestres para as raparigas, agora vão às floristas; juntavam-se em banquetes festivos, agora vão ao restaurante; faziam um artefacto para oferta, agora compram nas lojas; as raparigas engalanavam-se, agora vão à cabeleireira…
2500 anos depois Afrodite ganhou a São Valentim, não pela fé, mas pelo mercantilismo."