Quer seja um animal de estimação, uma pessoa da família ou alguém conhecido que morre, chega um momento, na vida das crianças em que estas se deparam com a morte e tem que lidar com emoções e sentimentos muitas vezes contraditórios causadores de grande sofrimento. Para os adultos não é muito fácil falar sobre o assunto com as crianças, mas todos nós já tivemos, em algum momento da nossa profissão de lidar com situações de morte, sofrimento e luto.
Perante a morte de alguém, as crianças necessitam de saber a verdade. Não necessitam de eufemismos, tais como dizer que a pessoa ou animal que morreu foi fazer uma longa viagem, está num sono eterno ou foi para o céu. Não devemos deixar sozinha a criança que está a sofrer, mas também não devemos força-la a falar sobre o que aconteceu.Contudo, é importante que a criança perceba que a pessoa que a escuta está atenta ao seu sofrimento.
Pergunte à criança se ela quer contar aos colegas o que aconteceu ou se prefere que você o faça. Em ambas as situações reúna as crianças e, depois de comunicado o facto, pergunte se alguém já passou pela mesma situação. Utilize filmes como o Rei leão e o Bambi para falar sobre o assunto.
Quando falecer alguém conhecido (artista ou pessoa importante na comunidade), não perca a oportunidade de conversar sobre o facto. Explique o que é um cemitério, por que as pessoas são enterradas, o que é um velório etc.
Se conhecer histórias/livros que falam sobre a morte e o luto, ou se quiser relatar alguma situação, já sabe que aqui no Jardins Saudáveis teremos todo o gosto em divulgar e partilhar.
No ABRIR e FECHAR dou um exemplo de duas histórias brasileiras que abordam o tema da morte, uma de Rubem Alves e outra de Leo Buscaglia. Destinam-se a crianças mais velhas, mas podem perfeitamente ser adaptadas para as crianças em idade pré-escolar.
4 comentários:
"Perante a morte de alguém, as crianças necessitam de saber a verdade. Não necessitam de eufemismos, tais como dizer que a pessoa ou animal que morreu foi viajar, está a dormir ou foi para o céu."
Estou inteiramente de acordo com a primeira frase no entanto os exemplos dados não são propriamente eufemismos...dizer que está a dormir ou que foi viajar é falso...
Quanto a ter ido para o céu não se pode dizer que seja um eufemismo.
Para quem tem fé e acredita na vida eterna é a realidade, a verdade, a certeza e assim como se têm de respeitar os não credos também têm de se respeitar todos os credos e o de cada um.
A morte, para quem acredita na vida eterna ou não, é sempre uma fonte de dor e é por isso que é tão dificil falar nela...
Lembro-me da dor que senti quando o meu pai morreu...
Lembro-me da dor de ter de explicar ao meu filho de 5 anos, que adorava o avô, que ele tinha morrido...
Lembro-me que não precisei de dizer nada porque ele leu nos meus olhos ou na minha alma...
E, sem eu ter de lhe dizer nada foi ele que me explicou...
"Eu sei como é mãe...
Nós que estamos dentro de nós é que vamos para o céu..."
Desde esse momento, com essa explicação tão simples e tão sábia do meu filho de 5 anos, que sempre foi de uma sensibilidade maravilhosa, comecei a encarar estes momentos de uma forma mais serena que transmito às minhas crianças.
Olá Xinha,
Obrigada pelo comentário tão oportuno e pertinente.
Correcta a sua afirmação, viajar ou dormir não é um eufemismo. Os exemplos foram mal escolhidos. Contudo, pretendia-se realçar a utilização por parte das pessoas, no que respeita à morte, de expressões mais agradáveis, tais como em vez de morreu foi morar com Deus, etc. E normalmente os eufemismos que utilizamos tem muito a ver com as nossas convicções e crenças. Se eu acreditar que quando morrer a minha alma irá para o céu tentarei agir em conformidade e por aí fora.
Cada pessoa sente a "sua" dor e cada um vive essa dor de maneira diferente. Por isso é tão importante sabermos escutar quando alguém necessita que escutemos e falarmos quando alguém necessita duma palavra amiga. Outras vezes é o silêncio o que mais importa no momento.
Acima de tudo devemos ser, nesta ou noutra situação qualquer, tolerantes, flexíveis e empáticos e encontrar modos de vivermos o nosso luto ... e cada um nós tem as suas ideologias, tal como muito bem ilustrou no seu comentário.
Muito bonita a frase do seu filho! Muitas felicidades para ambos.
Abraço
"Por isso é tão importante sabermos escutar quando alguém necessita que escutemos e falarmos quando alguém necessita duma palavra amiga. Outras vezes é o silêncio o que mais importa no momento.
Acima de tudo devemos ser, nesta ou noutra situação qualquer, tolerantes, flexíveis e empáticos e encontrar modos de vivermos o nosso luto..."
Eu não diria melhor...
Beijinho da Xinha.
Olá Glicéria
Temos um presente para ti no nosso blog...
Parabéns pela escolha deste tema......
Beijinhos
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